terça-feira, 30 de junho de 2009

Uveíte



A uveíte é uma doença nos olhos decorrente de uma inflamação da úvea, que é formada pela íris, corpo ciliar e coróide. A uveíte pode ser anterior (irite, iridociclite), intermediária (pars planite) e posterior (coriorretinite, retinite e coroidite). As uveítes podem ser de causa infecciosa (bactérias, fungos, vírus e protozoários), auto-imune ou idiopática (causa desconhecida). O tratamento das uveítes faz-se, na maioria dos casos, através de medicação (oral e colírios). É comum o uso de corticóides, antibióticos e, em determinados casos, imunossupressores.

Tratamentos

Tratamentos Farmacológicos

O processo subjacente na artrite psoríaca é a inflamação, então são dirigidos tratamentos para reduzir e controlar a inflamação. Anti-inflamatórios não esteróides como diclofenato e naproxen normalmente são os primeiros medicamentos.

Outras opções de tratamento para esta doença incluem a utilização de corticoesteróides, incluindo injecções na articulação - isto só é prático se apenas algumas articulações forem afectadas.

Alguns autores consideram no entanto os corticoesteróides como medicamentos a evitar pois podem aumentar a frequência dos episódios de psoríase.

Se não é alcançado um controle aceitável usando anti-inflamatórios não esteróides ou injecções na junta, então um tratamento com imunossupressores como metotrexate pode ser acrescentado ao regime do tratamento. Uma vantagem de tratamento com imunossupressores é que também trata a psoríase além da artropatia. Contudo, os efeitos secundários destes medicamentos fazem com que a adesão dos doentes a esta terapêutica seja baixa. Cerca de metade dos doentes interrompe a terapia em 2-5 anos devido aos efeitos adversos.

Recentemente, uma classe nova de terapêuticas desenvolvida usando recombinantes tecnologias de DNA chamada Inibidores Tumor necrose factor alfa estão disponíveis, por exemplo, infliximabe, etanercept e adalimumab. Estes estão a tornar-se comummente usados mas são normalmente reservados para os casos mais severos.

Tratamentos não Farmacológicos

Serve de tratamento complementar aos medicamentos de forma a aliviar a dor, prevenir a incapacidade de movimentos e aumentar a qualidade de vida do doente. Inclui:

  • Manutenção do peso ideal
  • Dieta saudável
  • Repouso adequado
  • Fisioterapia e exercício individualizado
  • Terapia Quente/Frio
  • Cirurgia (casos mais graves)

Tipos de artrite psoríaca e diagnóstico

Considerando os sintomas consideram-se cinco tipos principais de artrite psoríaca:

Simétrica

Este tipo corresponde por 50% de casos e afecta articulações em ambos os lados do corpo. Este tipo é muito semelhante à artrite reumatóide.

Assimétrica

Este tipo afecta 35% de pacientes e é geralmente moderada. Este tipo não acontece nas mesmas juntas em ambos os lados do corpo e normalmente envolve 2 a 4 juntas.

Artrite mutilante

Afecta menos que 5% dos pacientes e é severa, deformadora e destrutiva. Esta condição pode progredir durante meses ou anos que causam dano em comum severo.

Espondilite

Este tipo é caracterizado por dureza da espinha ou pescoço, mas também pode afectar as mãos e os pés, numa linha semelhante à artrite simétrica.

Interfalangeal distal predominante

Este tipo de artrite psoríaca é encontrada aproximadamente em 5% de pacientes e é caracterizada pela inflamação e dureza nas juntas mais próximas dos dedos das mãos e/ou dos pés. As mudanças nas unhas são frequentemente marcadas.

Diagnóstico

Durante o exame médico são identificadas e examinadas as lesões na pele (Psoríase) e articulações. O médico pode achar conveniente o recurso à imagiologia, por exemplo: Fazendo radiografias das articulações afectadas, Cintilografia auricular ou Tomografia computorizada.

Valores laboratoriais que podem auxiliar o diagnóstico:

  • Factor Reumatóide geralmente negativo
  • Velocidade de Sedimentação pode estar aumentada
  • Proteína C reactiva pode estar aumentada
  • Hemograma pode revelar Anemia da Doença Crónica

Sintomas

Os principais sintomas incluem:

  • Rigidez matinal nas articulações
  • Fragilidade/Sensibilidade nas articulações
  • Edema, Inchaço, Rubor
  • Anomalias das unhas

O edema pode ser difuso ao longo de todo um dedo causando a aparência de "dedo em salsicha".

Em casos que afectam a coluna, é mais comum ocorrer uveíte.

Há dois padrões básicos, um que afecta a coluna e outro as articulações das extremidades. Na coluna, há dor lombar e nas nádegas.

Também há a hipótese dos movimentos respiratórios serem afectados, quando a doença alcança as articulações das costelas com a coluna torácica. Produz, ainda, dores na nuca ou na coluna cervical.

Há possibilidade de afectar os tendões e de atingir a planta dos pés, gerando fascites e bursites.

Artrite psoríaca

A artrite psoríaca (também psoríase artropática ou artroatia psoriática) é um tipo de artrite inflamatória que afecta em torno de 5-7% (de acordo com o Manual de Oxford de Medicina Clínica) das pessoas que sofrem de psoríase crónica na pele. É chamada de artrite psoríaca por ser uma espondiáloartropatia seronegativa e acontece mais comummente em pacientes com o tipo de tecido HLA-B27. O tratamento da artrite psoríaca é semelhante ao das artrites reumáticas. Mais que 80% dos pacientes com artrite psoríaca terão lesões psoríacas nas unhas, caracterizadas pelo seu descaroçamento, ou mais extremamente, perda da própria unha (onicoliose).


A artrite psoríaca pode aparecer em qualquer idade, porém em média tende a aparecer aproximadamente 10 anos depois dos primeiros sinais de psoríase. Para a maioria das pessoas isto acontece entre as idades de 30 e 50 anos, mas também pode afectar crianças. Homens e mulheres são igualmente afectados por esta condição. Em aproximadamente um de sete casos, os sintomas de artrite, podem acontecer antes de qualquer envolvimento da pele.

Também causa inflamação nas articulações e pode causar tendinites.

O que evitar

Para evitar piora e/ou recidivas, deve procurar seguir estas orientações:

  • Evitar o stresse, porque um indivíduo sob tensão piora, normalmente, o seu quadro da doença.
  • Raspar as lesões. O facto de as rasparmos poderá fazer piorar, já que é sabido que o traumatismo é um dos factores ocasionadores da patologia (pode ocorrer em cicatrizes). É o equivalente a raspar e arrancar as crostas das feridas.
  • Ingestão de bebidas alcoólicas e o chocolate. Também nestes casos poderá ocorrer piora.
  • Medicamentos anti-maláricos. Estas medicações promovem uma protecção do sol nos que as ingerem, e, também é sabido que os psoriáticos pioram no inverno, pela ausência do sol, que é inclusive usado em algumas situações de terapia.
  • Beta-bloqueadores. São drogas utilizadas para o tratamento da hipertensão arterial, entre outras.
  • Anti-Depressivos. São drogas que induzem a uma situação de stresse relacionado ao anterior do uso da droga. Entre todos, o de pior resultado seria o Lítio, que quando desencadeia o quadro, é de péssimo diagnóstico.
  • Interferon. São medicações de uso muito restrito, sendo que um deles poderá ser usado com bons resultados - o B1, todos os outros poderão ocasionar piora.
  • O que tem sido observado e também comprovado é que o Sol permite melhorar o estado da psoríase (mas nos horários permitidos). Aproveite os dias de Sol para expor as regiões doentes da sua pele, mas evite as queimaduras que poderão vir a provocar outros problemas.
  • Não utilize o bronzeamento artificial como opção, pois os seus efeitos ainda são desconhecidos pelos médicos, tendo causado até cancro em muitas pessoas. Então na dúvida, opte pelo sol natural, nos horários benéficos.
  • Coçar as placas só serve para "auto manter" a doença. Evite também o contacto com roupas de tecidos irritantes que favorecem a aparição de placas nos indivíduos predispostos.
  • Não interrompa, se estiver em tratamento, a toma dos medicamentos logo que a pele tenha retomado um aspecto quase normal, expõe-se a uma recaída na maior parte dos casos mais severa.
  • Em caso de recaída, não espere que as placas se apresentem muito espessas para retomar o tratamento.
  • Evite os traumatismos físicos.
  • Trate as doenças infecciosas.
  • Controle os níveis de ansiedade.
  • Evite o uso prolongado de corticóides.

Artrite Psoríaca



A artrite psoríaca pode afectar qualquer articulação do corpo. Quando a psoríase afecta as unhas (formando sulcos nas unhas, causando espessamento ou alterando sua coloração), as articulações das pontas dos dedos estão particularmente propensas a desenvolver artrite. A artrite psoríaca também pode causar inchaço dos dedos das mãos e dos pés (dedos em “salsicha”), uma condição conhecida como dactilite, que pode ser confundida com infecção. Os sintomas da artrite psoríaca variam em natureza e intensidade, e podem sofrer alterações numa mesma pessoa com o passar do tempo. Nalgumas pessoas, a artrite psoríaca afecta a mesma articulação em ambos os lados do corpo (p. ex. ambos os joelhos). Em outras, uma articulação é afectada e a outra não (p. ex. um dos joelhos). Algumas vezes, apenas os dedos das mãos e dos pés são afectados. A coluna vertebral pode ser afectada, resultando em dificuldade para se curvar, caminhar, etc. Da mesma maneira que acontece com a condição cutânea a que está associada, a artrite psoríaca pode causar sintomas que surgem periodicamente, ou sofrem agudizações cíclicas, que podem de repente desaparecer, embora inicialmente se acreditasse que a artrite psoríaca fosse uma doença de intensidade leve e não progressiva (ou seja, que não pioraria com o passar do tempo).

A causa exacta da artrite psoríaca é desconhecida, mas os pesquisadores suspeitam que o distúrbio se desenvolva devido a uma combinação de factores genéticos (hereditários) e ambientais (externos). Até 40% das pessoas com artrite psoríaca possuem uma história familiar de psoríase ou artrite, indicando que estão propensas a desenvolver artrite devido à sua constituição genética, especialmente quando o seu sistema imunológico é estimulado por um factor ambiental, tal como uma infecção. (A psoríase em si não é infecciosa, mas ocasionalmente pode ser desencadeada por uma infecção da garganta por estreptococos).

A artrite psoríaca geralmente desenvolve-se entre os 30 e os 50 anos de idade, mas pode ter início na infância. Homens e mulheres estão igualmente em risco. Somente cerca de 15% das pessoas com psoríase desenvolve artrite psoríaca. Algumas vezes, a artrite pode desenvolver-se antes do início da alteração cutânea (psoríase). O diagnóstico da artrite psoríaca é feito com base nas características clínicas típicas da doença. As articulações podem estar inchadas e doloridas. Exames de sangue de alguns pacientes irão revelar uma taxa de sedimentação eritrocitária (ERS) elevada (um exame de sangue que avalia a inflamação), anemia leve e níveis elevados de ácido úrico.

A artrite psoríaca é uma forma de artrite crónica e, em algumas pessoas, é intermitente e de intensidade leve; noutras pessoas, pode causar artrite persistente, que pode causar dano articular se não for tratada. Para a maioria das pessoas, os tratamentos adequados irão aliviar a dor, proteger as articulações e manter a mobilidade.

As Causas da Psoríase

As causas exactas da psoríase ainda não estão totalmente esclarecidas. No entanto, todas as pesquisas científicas demonstram que a hereditariedade desempenha um importante papel e, em 30% dos casos, existem antecedentes familiares de psoríase. Além da predisposição genética existem factores que podem desencadear ou agravar a doença como: stresse emocional, traumas ou irritações na pele, infecções de garganta, baixa humidade do ar e uso de alguns medicamentos. Portanto, é muito importante que o seu dermatologista seja informado de todos os factores que ocorrem no seu dia-a-dia, bem como do nome de todos os medicamentos que está a utilizar.

O ciclo da Psoríase

A nossa pele está em continuada renovação, substituindo continuamente células mortas por vivas. Nessa renovação (crescimento) normal da pele, as células são criadas numa camada mais profunda (basal), movendo-se então para cima, através da epiderme, até ao chamado estrato córneo, que é a última camada da pele.
As células que vão morrendo são, por sua vez, eliminadas através desse estrato córneo, mantendo o equilíbrio. Este processo normal de renovação leva aproximadamente 28 dias, do nascimento das células até à sua morte.
Quando a pele é ferida, entra em acção uma outra actividade, diferente da renovação normal. Trata-se da cicatrização. Nesse caso as células são produzidas numa velocidade maior. Na cicatrização há ainda um aumento da irrigação sanguínea na área afectada e um processo de inflamação no local.
Patologicamente e de alguma forma, a pele com Psoríase é muito parecida com a pele em cicatrização, com a pele portadora de alguma infecção ou mesmo com a pele da reacção alérgica.
As lesões da Psoríase caracterizam-se por um crescimento celular anómalo e, embora não haja nenhuma ferida a ser cicatrizada, as células da pele chamadas queratócitos comportam-se como se houvesse alguma lesão a ser reparada. Estes queratócitos alteram a multiplicação celular normal para um modelo como se fosse de regeneração. Assim sendo, muitas células da pele são desnecessariamente criadas e empurradas para a superfície num prazo curto de 2 a 4 dias. Esse excesso de células acumula-se e começam a descamar formando as lesões típicas da Psoríase.
Resumindo, as escamas em placas que cobrem as lesões da Psoríase são compostas de células mortas, e a vermelhidão das lesões é causado pelo aumento da irrigação sanguínea nesse local para favorecer, indevidamente, o crescimento rápido de novas células.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Tipos de Psoríase

Psoríase em placas: O tipo mais comum de psoríase é a chamada psoríase em placas. É caracterizada por lesões elevadas, inflamadas (vermelhas), cobertas por escamas esbranquiçadas. As escamas são formadas por células mortas da pele. O nome técnico desta forma é psoríasis vulgares (vulgar = comum). Pode manifestar-se em qualquer área da pele, os joelhos, cotovelos, couro cabeludo e tronco são as regiões mais comummente atingidas.

Psoríase gotejada: A psoríase gotejada é caracterizada por pequenos pontos avermelhados de psoríase. Tal nome é devido as lesões terem o formato de pequenas gotas. Geralmente aparece no tronco, braços e pernas. Esta forma frequentemente aprece repentinamente após uma infecção estreptocócica ou viral do trato respiratório superior. Há também outros eventos que podem precipitar um surto: amigdalite, gripe, varíola, imunizações, trauma físico, stresse emocional e administração de drogas anti-malária.

Psoríase Inversa: A psoríase inversa é assim chamada por apresentar um padrão de distribuição das lesões inverso aos outros tipos. Nesta forma as lesões se localizam nas zonas das dobras cutâneas, axilas, virilha, por baixo da mama, dobra do cotovelo, etc. Tipicamente apresentam-se lesões planas e inflamadas sem escamação e particularmente sujeitas a irritação devido ao atrito e ao suor.

Psoríase Eritrodérmica: Normalmente a psoríase eritrodérmica aparece sobre a pele como um vermelhidão e escamação fina, frequentemente se acompanha por prurido intenso e dor podendo ocorrer inchaço.

Psoríase Postular: A psoríase postular caracteriza-se por pústulas (lesões vesiculares com pus não infeccioso) sobre a pele. O pus consiste de glóbulos brancos acumulados. Não é uma doença infecciosa e, portanto, não é contagiosa. Pode localizar-se em certas áreas do corpo tais como mãos e pés, ou pode generalizar-se. Tem a tendência para se manifestar em 3 fases cíclicas:
1) eritema (pele avermelhada);
2) formação de pústulas;
3) descamação da pele.

Psoríase Ungueal (das unhas):
A psoríase pode afectar tanto as unhas dos pés como das mãos. Comummente aparece como pintas nas unhas de vários tamanhos, forma e profundidade. Algumas vezes estas desenvolvem uma cor amarelada e tornam-se finas. As unhas podem esfacelar-se facilmente e apresentar inflamação no seu contorno. Outro possível sintoma é o deslocamento da unha do leito ungueal.

Psoríase do Escalpe (couro cabeludo): Esta forma de psoríase afecta pelo menos metade das pessoas que sofrem da doença. Geralmente, o couro cabeludo terá placas de psoríase caracterizadas por lesões elevadas, inflamadas com escamas.

As Diferenças de Severidade na Psoríase

Graus de severidade: branda, moderada e severa.


Psoríase de Severidade Branda:
- menos que 2% da superfície corporal;
- manchas de psoríase que se apresentam nos joelhos, cotovelos, escalpe, mãos e pés.



Psoríase de Severidade Moderada:
- 2-10% da superfície corporal;
- aparece nos membros, tronco, escalpe e outras áreas.


Psoríase de Grande Severidade:
- recobre mais do que 10% da superfície corporal;
- grandes áreas de pele recobertas com placas ou pústulas, ou, então, psoríase eritrodérmica;
- mais susceptíveis a transtornos.

O que é a Psoríase


A psoríase é uma doença da pele relativamente frequente, que afecta de 1 a 3% da população geral e atinge indistintamente homens e mulheres, sendo mais frequente na raça branca. Caracteriza-se pelo aparecimento na pele de lesões róseas ou avermelhadas, recobertas de escamas secas e esbranquiçadas. Muitas vezes, estas lesões estão localizadas apenas nos cotovelos, joelhos ou couro cabeludo. Noutros casos, as lesões podem-se espalhar por toda a pele. As unhas podem ser afectadas e, muito raramente, as articulações, causando a artrite psoríaca. A psoríase pode manifestar-se logo após o nascimento ou tardiamente no idoso, mas o mais comum é o início entre a 2ª e a 4ª década da vida.

Este vídeo (do site - www.patient-education.com) demonstra muito bem o que acontece com esta doença - Está em inglês.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Artrites Crónicas da Infância


Definição

Trata-se de um grupo de doenças caracterizado pela presença de artrite crónica (mais de 6 semanas de duração) em crianças com menos de 16 anos de idade.

Ela é dividida em três subtipos, com manifestações clínicas e evolução diferentes: tipos sistémico, oligoarticular e poliarticular.

Trata-se de subtipos distintos e falar de maneira genérica pode ser difícil, mas é possível dizer que a principal manifestação dessa doença é a artrite, ou seja, articulações quentes, vermelhas, inchadas e a incapacidade da criança de utilizar aquela articulação ou membro afectado.

Também aparecem sintomas de queda do estado geral, podendo haver febre, diminuição do apetite e da disposição para as actividades diárias, afectando desde o rendimento escolar até o ritmo de brincadeiras. Um aspecto importante dessa doença é a capacidade de instalação de deformidades a longo prazo e o comprometimento permanente da função das articulações. A terapêutica disponível actualmente visa deter a instalação dessas deformidades e disponibilizar uma vida normal para a criança. Conforme o subtipo, podemos ter o envolvimento de órgãos e sistemas de maneira diferenciada, por exemplo, no subtipo oligoarticular pode ser comum o envolvimento ocular (uveíte), que é atípico em outros subtipos.

Causas

Não existe uma causa conhecida para a instalação das Artrites Crónicas na Infância. Como se trata de uma doença dividida em vários tipos, pensa-se haver mais de uma causa possível. Foram detectadas várias alterações no sistema imune (sistema de defesa do organismo humano) mas não é ainda possível dizer se elas são causais ou se são apenas fenómenos paralelos sem uma relação directa com o início do quadro. Já foram arroladas hipóteses envolvendo a presença de infecções, alterações genéticas, imunológicas e endócrinas, mas até agora elas só têm valor como especulação a respeito das causas dessa doença.

Tratamento

O tratamento actual dessas condições consiste num conjunto de medidas que incluem o uso de medicamentos, fisioterapia, exercícios, medidas de reabilitação e, conforme a presença de sequelas, podem também incluir cirurgia ortopédica. Da mesma forma a equipa que cuida desses pacientes é multidisciplinar, com o reumatologista pediátrico como coordenador. O objectivo principal dessa equipa é preservar ao máximo o organismo da criança das sequelas que podem advir da doença e do próprio tratamento. Muitos dos medicamentos utilizados hoje em Reumatologia Infantil são copiados da experiência com adultos, havendo já estudos específicos com populações dessa faixa de idade. A família entra nesse cenário como protagonista principal do tratamento, encorajando e estimulando a criança vítima da doença crónica e monitorizando essa evolução, repassando esses dados para a equipa médica.

Febre Reumática


Definição

A febre reumática é considerada uma complicação tardia de uma infecção por uma bactéria chamada de estreptococo. Esse tipo de infecção é muito comum, mas a doença apenas se dá em indivíduos predispostos para tal complicação.

Do total de pacientes que sofrem a infecção, cerca de 2,5 a 4% desenvolverão o quadro, que inicia cerca de 1 a 3 semanas após a infecção. Em geral, acomete crianças a partir dos 3 anos de idade sendo mais comum na faixa dos 7 aos 14 anos. As crianças pobres estão mais expostas à infecção pelo estreptococo e, logo, têm mais hipóteses de desenvolver a doença. As meninas parecem apresentar uma predisposição um pouco maior que os meninos para a Febre Reumática. O quadro clínico clássico consiste numa criança que teve um quadro de amigdalite (dor de garganta, febre) e que cerca de 15 dias após a infecção, inicia com dores articulares acompanhadas de sinais de inflamação (inchaço, calor, vermelhidão local e incapacidade de utilizar a articulação pela dor) geralmente nos punhos, tornozelos e joelhos aparecendo num padrão "migratório", ou seja, a dor e os sinais de inflamação "pulam" de uma articulação para a outra. Também nessa fase, podem aparecer manifestações cardíacas como falta de ar, cansaço e sopro cardíaco, mas em geral o acometimento cardíaco dá-se de forma pouco expressiva. Outro local de acometimento é o Sistema Nervoso Central, ocorrendo o aparecimento de coréia, ou seja, o surgimento de movimentos descoordenados, involuntários e sem finalidade acometendo braços ou pernas unilateral ou bilateralmente.

Causas

Como já foi dito, trata-se de uma complicação de uma infecção por uma bactéria específica, o estreptococo. O que ainda não se sabe explicar é por que alguns indivíduos a desenvolvem.

Por princípio, é considerada uma doença auto-imune, ou seja, decorre de um distúrbio do sistema de defesa do organismo, que passa a atacar tecidos do próprio paciente, gerando a doença.

Na membrana que envolve o estreptococo, temos a presença de uma proteína, chamada Proteína M, que tem a capacidade de gerar a formação de substâncias específicas pelo sistema de defesa do organismo humano, o sistema auto-imune. Estas substâncias são chamadas de anticorpos e, ao promover o ataque ao estreptococo, confundem-se, atacando também proteínas presentes em tecidos articulares, neurológicos e cardíacos, pela semelhança existente entre elas e a Proteína M.

Ainda não se conhece a explicação para o facto de que apenas alguns pacientes desenvolvem o quadro, se esse distúrbio imunológico é determinado por factores genéticos ou de outra natureza.

Tratamento

Visa, primeiramente, a erradicação da infecção pelo estreptococo. Essa infecção é mais comum em ambientes de baixo nível socioeconómico, onde vivem um número grande de pessoas em pequenos espaços facilitando a proliferação da infecção. Como as condições gerais de vida da população melhoraram, tem-se visto infecções com menos frequência, tratando-se melhor os pacientes com infecção já estabelecida. Esse tratamento é feito com base no uso de antibióticos.

Para os pacientes que já desenvolveram a febre reumática, o tratamento é específico para a região envolvida: repouso e anti-inflamatórios nas artrites, medicamentos específicos para o coração, corticóides e repouso absoluto na cardite (inflamação do coração), drogas específicas para o Sistema Nervoso Central e corticóides para a coréia. Após a crise, coloca-se o paciente num esquema de prevenção da infecção pelo estreptococo, usando-se a penicilina benzatina a cada 21 dias. Se ocorreu o envolvimento cardíaco, deve-se usar a profilaxia para o resto da vida ou, na impossibilidade disso, até os 30 a 35 anos de idade. Nos pacientes não portadores de lesão cardíaca, fica determinado seu uso até os 18 anos de idade.

Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M)

Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M)

Artropatias

- Deformidades adquiridas dos dedos das mãos e dos pés (Deformidade em botoeira, Hálux valgo, Hálux rígido, Hálux varo, Dedo em martelo)

- Outras deformidades adquiridas dos membros (Deformidade valga, Deformidade vara, Paralisia do nervo radial, Pé caído, Pé chato, Pé torto, Desigualdade do comprimento das pernas, Escápula alada)

Patela (Luxação da patela, Condromalácia patelar)

Protrusão acetabular - Hemartrose - Artralgia - Osteófito

Doenças sistémicas
do
tecido conjuntivo

Poliarterite nodosa - Síndrome de Churg-Strauss - Vasculite de hipersensibilidade - Lúpus eritematoso sistémico (Induzido por drogas) - Dermatomiosite (Dermatomiosite juvenil) - Polimiosite - Escleroderma - Síndrome de Sjögren - Doença de Behçet - Polimialgia reumática - Fasciite eosinofílica - Hipermobilidade

Transtornos dos
tecidos moles

músculo: Miosite - Miosite ossificante (Fibrodisplasia ossificante progressiva)

membrana sinovial e tendões: Sinovite/Tenosinovite (Tendinite calcífica, Tenosinovite estenosante, Dedo em gatilho, Síndrome de DeQuervain) - Sinovite transitória da anca - Cisto sinovial

bursa: bursite (Bursite do olécrano, Bursite pré-patelar, Bursite trocantérica) - Cisto de Baker

- Desordens fibroblásticas (Contratura de Dupuytren, Fasciíte plantar, Fasciíte nodular, Fasciite necrosante, Fasciite, Fibromatose)

- Lesões do ombro: Capsulite adesiva - Rotura do manguito rotador - Bursite subacromial

entese: Entesopatias (Síndrome da banda iliotibial, Tendinite aquileana, Tendinite patelar, Cotovelo de golfista, Cotovelo de tenista, Metatarsalgia, Osteófito, Tendinite)

- Outras classificadas em outra parte: Fraqueza muscular - Reumatismo - Mialgia - Nevralgia - Neurite - Paniculite - Fibromialgia

Osteopatias

- Desordens da densidade e estrutura ósseas: Osteoporose - Osteomalacia - continuidade do osso (Pseudoartrose, Fratura de esforço) - Displasia fibrosa monostótica - Fluorose esquelética - Cisto ósseo aneurismático - Hiperostose - Osteosclerose
Osteomielite - Necrose avascular - Doença de Paget do osso - Algoneurodistrofia - Osteólise - Hiperostose cortical infantil

Condropatias

Osteocondrose juvenil (Síndrome de Legg-Calvé-Perthes, Doença de Osgood-Schlatter, Doença de Köhler, Doença de Sever) - Osteocondrite - Síndrome de Tietze

Como viver com Reumatismo

Apesar de, na imensa maioria dos casos, as doenças reumáticas serem doenças crónicas e medicamente incuráveis, é possível minorar os efeitos e a intensidade dos problemas que provocam. Para tal são importantes algumas medidas básicas com o objectivo de proteger o nosso aparelho locomotor, eis alguns conselhos:

- Emagreça se tem peso a mais;

- Durma em cama dura (não necessariamente uma pedra ou uma tábua), de preferência de costas e sem almofada ou com um pequeno rolo por de baixo do pescoço, se possível, durma com as pernas elevadas;

- Evite saltos altos e prefira sapatos de boa qualidade com sola de couro e com contrafortes resistentes;

- Distribua os pesos que transporta de forma equilibrada por ambas as mãos;

- Em vez de usar uma só mão para realizar uma acção, use as duas, assim não força tanto;

- Adapte os utensílios de trabalho ou de lazer às suas características individuais (ex.: tábuas de passar a ferro com altura regulável);

- Não permaneça muito tempo na mesma posição;

- Faça ginástica adaptada à sua condição física; Caminhe, faça natação, ande de bicicleta...

- Sempre que possível, faça pequenos períodos de repouso, sensivelmente trinta minutos, pelo menos a meio da manhã e da tarde, deitado de costas;

- Respire "pelo" peito e não pela barriga;

Divisão em grupos

Grosseiramente podemos dividir as "doenças reumáticas" nos seguintes grupos:

1. Artrites

Doenças que originam uma inflamação das articulações. De causa diversa (auto-imunes, infecciosas, microcristalinas), são as que põem maiores questões quanto à u
rgência do tratamento e à possibilidade de atingimento de outros órgãos do corpo além das articulações.

2. Artroses
Frequentemente de evolução crónica, devem-se a um desgaste contínuo das superfícies articulares, apresentando poucos sinais de inflamação. O seu aparecimento é quase inevitável como um processo natural do envelhecimento do organismo.

3. As doenças da coluna vertebral

Pela sua frequência merecem um chamamento particular. São de todos conhecidas as dores na coluna cervical (cervicalgias) ou na coluna lombar (lombalgias). Por detrás destas queixas poderão estar processos de desgaste articular (artrose) ou de artrite (inflamação) das articulações da coluna, neste último caso o diagnóstico é necessariamente urgente para exclusão de doenças graves (ex.: tuberculose da coluna ou outras infecções).

4. As doenças dos tendões


Causadas muitas vezes por esforços de sobrecarga (ex.: desporto, actividades profissionais ), mas podem também ocorrer em doenças inflamatórias (ex.: espondilite anquilosante).

5. As doenças do osso
As infecções, os tumores (benignos e malignos) ou a descalcificação (osteoporose) podem ser causa de dor "reumática". No caso de osteoporose primária a dor só existe quando ocorre uma fractura óssea.

Como referimos esta é apenas uma classificação superficial, não descriminando as centenas de "doenças reumáticas" hoje bem individualizadas.

As doenças reumáticas são frequentes na nossa sociedade como demonstram os números que se seguem referentes ao nosso país:


· 8 a 10 por cento da população portuguesa sofre de alguma doença reumática;

· As doenças reumáticas são responsáveis por 20 por cento do total de baixas e por 50 por cento dos pedidos de reforma antecipada;


Em conclusão podemos dizer que o termo "Reumatismo" é incorrecto pois as "doenças reumáticas", são variadas na sua expressão e nas suas características. As doenças reumáticas são frequentes mas algumas medidas simples podem minorar os seus efeitos nocivos.