Com informações da Agência Fapesp - 29/05/2013
Uma
avaliação simples da força das mandíbulas, feita no consultório,
pode dar indicações precisas sobre o desenvolvimento da Artrite
Reumatóide.
A
Artrite
Reumatóide
é
uma doença auto-imune causada pela agressão do sistema imunológico
ao próprio organismo, que ataca as articulações sinoviais.
O
interior desse tipo de articulação é revestido pela membrana
sinovial, que a Artrite Reumatóide torna espessa e inflamada. A
membrana passa, então, a produzir substâncias que comprometem as
estruturas articulares, podendo lesionar a cartilagem, o osso,
ligamentos e tendões e resultar em deformidades e sequelas.
As
mulheres são as principais vítimas da Artrite Reumatóide.
Articulação
temporomandibular
Um
grupo de pesquisadores da Escola Paulista de Medicina descobriu que a
força nas mandíbulas dos pacientes permite o diagnóstico da
doença, antes que ocorram alterações irreversíveis.
"Constatamos
que a região bucal nestes pacientes tem, de facto, mais alterações
do que na população saudável, incluindo menor força na mandíbula.
A avaliação das articulações temporomandibulares deveriam,
portanto, constar nas consultas padrão como forma de controlar a
inflamação e a doença" - Jamil Natour, professor de
Reumatologia da Unifesp e coordenador da pesquisa.
A
pesquisadora Carmen Paz Santibañez, membro da equipa, descobriu
outra informação essencial para a utilidade preventiva desse tipo
de avaliação.
Ao
levantar o histórico de cada participante, com realização de
exames físicos e questionários sobre o desempenho de atividades
quotidianas, verificou que as perdas na força da região
temporomandibular aparecem simultaneamente com outros sintomas da
Artrite Reumatóide.
"Verificamos
que a menor força nas mandíbulas acompanha a diminuição da força
nas mãos, mostrando que a região orofacial é afectada juntamente
com as outras partes do aparelho musculoesquelético e devendo ser,
portanto, acompanhada e avaliada".
Artrite
Reumatóide
A
Artrite Reumatóide pode aparecer em qualquer idade, sendo mais comum aparecer entre os 30 e os 40 anos. Quanto mais intensa e
prolongada a exposição à inflamação articular, maiores as lesões
que a doença pode provocar.
Não
existe cura definitiva e é comum que múltiplas articulações sejam
comprometidas - daí a importância da detecção precoce da
condição.
O
tratamento envolve medicamentos, injecções nas juntas inflamadas,
fisioterapia e eventualmente cirurgias, a fim de conter o processo
inflamatório e a progressão das lesões, controlar a dor e as
alterações nas funções desempenhadas pelas diferentes regiões do
corpo.
O
comprometimento ou não da articulação temporomandibular depende de
factores como idade, tempo de doença, número de articulações com
edemas, presença de factor reumatóide (anticorpo presente em cerca
de 90% dos pacientes com Artrite Reumatóide) e resultados dos exames
de proteína C reactiva e velocidade de hemossedimentação.
A avaliação da força das mandíbulas pode dar sinais
precoces do surgimento da Artrite
Reumatóide, que não tem
cura e depende de acções que evitem a deterioração da condição.
[Imagem: Agência Fapesp]
Mas o
professor Natour lembra que "tais exames são inespecíficos -
qualquer doença inflamatória, até uma gripe, pode alterá-los - e
o diagnóstico é clínico".
Comprovada
a necessidade de acompanhar as alterações provocadas pela Artrite
Reumatóide nas articulações temporomandibulares, o passo
seguinte é pensar em intervenções que possam melhorar as funções
da boca e da face e a qualidade de vida dos pacientes - agora já se
sabe que a primeira medida deve ser uma atenção mais cuidadosa à
avaliação oral de quem tem a doença.
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