quinta-feira, 30 de maio de 2013

Exame da força das mandíbulas pode apontar para o aparecimento da Artrite Reumatóide


Com informações da Agência Fapesp - 29/05/2013



Uma avaliação simples da força das mandíbulas, feita no consultório, pode dar indicações precisas sobre o desenvolvimento da Artrite Reumatóide.
A Artrite Reumatóide é uma doença auto-imune causada pela agressão do sistema imunológico ao próprio organismo, que ataca as articulações sinoviais.
O interior desse tipo de articulação é revestido pela membrana sinovial, que a Artrite Reumatóide torna espessa e inflamada. A membrana passa, então, a produzir substâncias que comprometem as estruturas articulares, podendo lesionar a cartilagem, o osso, ligamentos e tendões e resultar em deformidades e sequelas.
As mulheres são as principais vítimas da Artrite Reumatóide.
Articulação temporomandibular
Um grupo de pesquisadores da Escola Paulista de Medicina descobriu que a força nas mandíbulas dos pacientes permite o diagnóstico da doença, antes que ocorram alterações irreversíveis.
"Constatamos que a região bucal nestes pacientes tem, de facto, mais alterações do que na população saudável, incluindo menor força na mandíbula. A avaliação das articulações temporomandibulares deveriam, portanto, constar nas consultas padrão como forma de controlar a inflamação e a doença" - Jamil Natour, professor de Reumatologia da Unifesp e coordenador da pesquisa.
A pesquisadora Carmen Paz Santibañez, membro da equipa, descobriu outra informação essencial para a utilidade preventiva desse tipo de avaliação.
Ao levantar o histórico de cada participante, com realização de exames físicos e questionários sobre o desempenho de atividades quotidianas, verificou que as perdas na força da região temporomandibular aparecem simultaneamente com outros sintomas da Artrite Reumatóide.
"Verificamos que a menor força nas mandíbulas acompanha a diminuição da força nas mãos, mostrando que a região orofacial é afectada juntamente com as outras partes do aparelho musculoesquelético e devendo ser, portanto, acompanhada e avaliada".
Artrite Reumatóide
A Artrite Reumatóide pode aparecer em qualquer idade, sendo mais comum aparecer entre os 30 e os 40 anos. Quanto mais intensa e prolongada a exposição à inflamação articular, maiores as lesões que a doença pode provocar.
Não existe cura definitiva e é comum que múltiplas articulações sejam comprometidas - daí a importância da detecção precoce da condição.
O tratamento envolve medicamentos, injecções nas juntas inflamadas, fisioterapia e eventualmente cirurgias, a fim de conter o processo inflamatório e a progressão das lesões, controlar a dor e as alterações nas funções desempenhadas pelas diferentes regiões do corpo.
O comprometimento ou não da articulação temporomandibular depende de factores como idade, tempo de doença, número de articulações com edemas, presença de factor reumatóide (anticorpo presente em cerca de 90% dos pacientes com Artrite Reumatóide) e resultados dos exames de proteína C reactiva e velocidade de hemossedimentação.
A avaliação da força das mandíbulas pode dar sinais precoces do surgimento da Artrite Reumatóide, que não tem cura e depende de acções que evitem a deterioração da condição.
[Imagem: Agência Fapesp]
Mas o professor Natour lembra que "tais exames são inespecíficos - qualquer doença inflamatória, até uma gripe, pode alterá-los - e o diagnóstico é clínico".
Comprovada a necessidade de acompanhar as alterações provocadas pela Artrite Reumatóide nas articulações temporomandibulares, o passo seguinte é pensar em intervenções que possam melhorar as funções da boca e da face e a qualidade de vida dos pacientes - agora já se sabe que a primeira medida deve ser uma atenção mais cuidadosa à avaliação oral de quem tem a doença.

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