sábado, 7 de setembro de 2013

Danos nervosos em pacientes com fibromialgia

Verificou-se que em aproximadamente metade de um pequeno grupo de pacientes com fibromialgia, uma síndrome comum que causa dor crónica  entre outros sintomas, apresentam danos nas fibras nervosas da pele e outras evidências relacionadas a uma doença chamada polineuropatia de fibras pequenas (PFP). Ao contrário da fibromialgia, que não tem nenhuma causa conhecida e existem poucos tratamentos eficazes, a PFP tem uma patologia clara e é conhecida por ser causada por condições médicas específicas algumas das quais podem por vezes ser tratadas e curadas. O estudo realizado por pesquisadores do Massachusetts General Hospital será publicado no jornal científico Pain, on-line.

"Este facto fornece algumas das primeiras evidências objectivas de um mecanismo por detrás de alguns casos de fibromialgia e identificar uma causa subjacente é o primeiro passo no sentido de encontrar melhores tratamentos" - Anne Louise Oaklander, MD, PhD, diretora da Nerve Injury Unit no Departamento de Neurologia do MGH e autora correspondente do artigo no jornal Pain.

O termo fibromialgia descreve um conjunto de sintomas, incluindo a dor crónica generalizada, um aumento da sensibilidade à pressão e fadiga, o qual se acredita afectar 1 a 5 por cento dos indivíduos nos países ocidentais, com ocorrências mais frequentes em mulheres. Embora o diagnóstico de fibromialgia tenha sido reconhecido pelo National Institutes of Health e pelo American College of Rheumatology a sua base biológica permanece desconhecida. A fibromialgia partilha muitos sintomas com a PFP; uma causa reconhecida é a dor generalizada crónica para a qual existem testes objectivos e aceites.

Projectado para investigar as possíveis relações entre as duas condições, o presente estudo incluiu 27 pacientes adultos com diagnóstico de fibromialgia e 30 voluntários saudáveis. Os participantes passaram por testes utilizados para diagnosticar o PFP, incluindo avaliações de neuropatia com base num exame físico e respostas a um questionário, biópsias de pele para avaliar o número de fibras nervosas nas pernas e os testes de funções autónomas  como a frequência cardíaca, pressão arterial e transpiração.

Todos os questionários, avaliações, exames e biópsias de pele encontraram níveis significativos de neuropatia nos pacientes com fibromialgia, mas não no grupo controle. Entre os 27 pacientes com fibromialgia, 13 apresentaram uma redução marcada na densidade de fibras do nervo, testes de funções autónomas anormais, ou ambos, indicando a presença de PFP. Os participantes que preencheram os critérios para PFP também foram submetidos a exames de sangue para pesquisar as causas conhecidas da doença e, enquanto nenhum deles obteve resultados sugestivos de diabetes, uma causa comum de PFP, dois deles foram detectados com uma infecção pelo vírus da hepatite C, que poderia ser tratada com sucesso e mais de metade apresentou evidência de algum tipo de disfunção do sistema imunitário. 

"Até agora, não houve nenhuma boa ideia sobre a causa da fibromialgia, mas agora temos provas para alguns (não todos) os pacientes. A fibromialgia é complexa demais para uma "medida que sirva para todos" explica" - Oaklander, professor associado de Neurologia na Harvard Medical School. "O próximo passo para uma confirmação independente dos nossos resultados noutros laboratórios já está em curso. Também precisamos seguir os pacientes que não satisfazem os critérios para PFP para verificar se podemos encontrar outras causas. Ajudar qualquer dessas pessoas a receber um diagnóstico definitivo e um melhor tratamento seria uma grande realização." 

Fonte: Medical News Today 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Exame da força das mandíbulas pode apontar para o aparecimento da Artrite Reumatóide


Com informações da Agência Fapesp - 29/05/2013



Uma avaliação simples da força das mandíbulas, feita no consultório, pode dar indicações precisas sobre o desenvolvimento da Artrite Reumatóide.
A Artrite Reumatóide é uma doença auto-imune causada pela agressão do sistema imunológico ao próprio organismo, que ataca as articulações sinoviais.
O interior desse tipo de articulação é revestido pela membrana sinovial, que a Artrite Reumatóide torna espessa e inflamada. A membrana passa, então, a produzir substâncias que comprometem as estruturas articulares, podendo lesionar a cartilagem, o osso, ligamentos e tendões e resultar em deformidades e sequelas.
As mulheres são as principais vítimas da Artrite Reumatóide.
Articulação temporomandibular
Um grupo de pesquisadores da Escola Paulista de Medicina descobriu que a força nas mandíbulas dos pacientes permite o diagnóstico da doença, antes que ocorram alterações irreversíveis.
"Constatamos que a região bucal nestes pacientes tem, de facto, mais alterações do que na população saudável, incluindo menor força na mandíbula. A avaliação das articulações temporomandibulares deveriam, portanto, constar nas consultas padrão como forma de controlar a inflamação e a doença" - Jamil Natour, professor de Reumatologia da Unifesp e coordenador da pesquisa.
A pesquisadora Carmen Paz Santibañez, membro da equipa, descobriu outra informação essencial para a utilidade preventiva desse tipo de avaliação.
Ao levantar o histórico de cada participante, com realização de exames físicos e questionários sobre o desempenho de atividades quotidianas, verificou que as perdas na força da região temporomandibular aparecem simultaneamente com outros sintomas da Artrite Reumatóide.
"Verificamos que a menor força nas mandíbulas acompanha a diminuição da força nas mãos, mostrando que a região orofacial é afectada juntamente com as outras partes do aparelho musculoesquelético e devendo ser, portanto, acompanhada e avaliada".
Artrite Reumatóide
A Artrite Reumatóide pode aparecer em qualquer idade, sendo mais comum aparecer entre os 30 e os 40 anos. Quanto mais intensa e prolongada a exposição à inflamação articular, maiores as lesões que a doença pode provocar.
Não existe cura definitiva e é comum que múltiplas articulações sejam comprometidas - daí a importância da detecção precoce da condição.
O tratamento envolve medicamentos, injecções nas juntas inflamadas, fisioterapia e eventualmente cirurgias, a fim de conter o processo inflamatório e a progressão das lesões, controlar a dor e as alterações nas funções desempenhadas pelas diferentes regiões do corpo.
O comprometimento ou não da articulação temporomandibular depende de factores como idade, tempo de doença, número de articulações com edemas, presença de factor reumatóide (anticorpo presente em cerca de 90% dos pacientes com Artrite Reumatóide) e resultados dos exames de proteína C reactiva e velocidade de hemossedimentação.
A avaliação da força das mandíbulas pode dar sinais precoces do surgimento da Artrite Reumatóide, que não tem cura e depende de acções que evitem a deterioração da condição.
[Imagem: Agência Fapesp]
Mas o professor Natour lembra que "tais exames são inespecíficos - qualquer doença inflamatória, até uma gripe, pode alterá-los - e o diagnóstico é clínico".
Comprovada a necessidade de acompanhar as alterações provocadas pela Artrite Reumatóide nas articulações temporomandibulares, o passo seguinte é pensar em intervenções que possam melhorar as funções da boca e da face e a qualidade de vida dos pacientes - agora já se sabe que a primeira medida deve ser uma atenção mais cuidadosa à avaliação oral de quem tem a doença.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Exercícios para a mobilidade no reumatismo

Para combater a dor e melhorar a minha mobilidade pensei em fazer exercício. A fisioterapia fica cara e um ginásio pode tão-pouco ser acessível. Como tenho uma consola da Nintendo, acabei por colocar lá personagens como Miis (avatares) para fazerem os exercícios comigo. Espero que o conceito vos agrade!

Antes de começarem a fazer exercício, devem perguntar a um médico se vos aconselha e claro, começar devagar.

Para este exercício é necessário algo que faça de degrau.

Espero que se divirtam!

Link:  Exercícios para a mobilidade no reumatismo


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Baixos níveis de testosterona podem anunciar Artrite Reumatóide nos homens


 Fonte: Science Daily

Baixos níveis de testosterona podem anunciar um subsequente desenvolvimento de Artrite Reumatóide nos homens – é o que sugere a pesquisa publicada online nos Annals of the Rheumatic Diseases.

Acredita-se que as hormonas sexuais têm um papel no desenvolvimento da Artrite Reumatóide. Homens e mulheres com a doença tendem a ter níveis mais baixos de testosterona no sangue em comparação com pessoas saudáveis​​. Mas não é claro se isto é um fator contributivo ou uma consequência da doença.

Os pesquisadores basearam as descobertas em participantes do Swedish Malmo Preventive Medicine Program (MPMP), que teve início em 1974 e analisou a saúde de mais de 33 mil pessoas nascidas entre 1921 e 1949.

Como parte da inclusão no Programa os participantes, que foram submetidos a um grupo de testes, completaram um questionário sobre saúde; factores de estilo de vida e retiraram amostras de sangue após uma noite em jejum.

Os autores identificaram todos os participantes do MPMP que posteriormente foram diagnosticados com Artrite Reumatóide até Dezembro de 2004, pela verificação cruzada de registos nacionais e regionais.

Nas amostras de sangue que foram armazenadas foram detectadas 104 nos homens que, posteriormente, desenvolveram Artrite Reumatóide para 174 homens da mesma faixa etária que não desenvolveram a doença.

O período médio de tempo que decorreu entre a doação da amostra de sangue e o diagnóstico de Artrite Reumatóide foi ligeiramente inferior a 13 anos, mas variou de 1 a 28 anos.

O estado do Factor Reumatóide era conhecido no momento do diagnóstico em 83 dos homens, quase três em cada quatro (73%) dos quais apresentaram um teste positivo, o resto dos testes foi negativo. O Factor Reumatóide é um anticorpo que indica a severidade da doença e é utilizada para categorizar a condição.

Depois de levar em conta o índice de massa corporal e tabagismo, sendo que ambos podem afectar o risco de Artrite Reumatóide, os homens com níveis mais baixos de testosterona nas amostras de sangue mostraram ser mais propensos a desenvolver a doença.

Esta foi estatisticamente significativa para aqueles que testaram negativo para o Factor Reumatóide quando diagnosticados.

Estes homens também tinham níveis significativamente mais elevados de hormonas folículo-estimulantes, uma substância química envolvida na maturidade sexual e reprodução, antes serem diagnosticados com Artrite Reumatóide. Este é, provavelmente, um efeito secundário à diminuição da produção de testosterona segundo os autores.


Os resultados sugerem que as alterações hormonais precedem o aparecimento da Artrite Reumatóide e pode influenciar a gravidade da doença, apontando para outros estudos que indicam que a testosterona pode diminuir o sistema imunológico, que sufoca a inflamação. A Artrite Reumatóide é também mais propensa a entrar em remissão nos estágios iniciais nos homens.

Remissão clínica da Artrite Idiopática Juvenil após a conclusão do Etanercept


Fonte: Medcenter Medical News 

A Artrite Idiopática Juvenil é uma doença inflamatória do tecido conjuntivo de causas desconhecidas mais comum na infância - de acordo com dados de um estudo realizado no Hospital da Universidade de Zaragoza, Espanha.

O mesmo estudo estimou que a prevalência da Artrite Idiopática Juvenil é de aproximadamente 7 a 40/100.000 crianças, variando consideravelmente de um estudo para outro dependendo da área geográfica. A nível mundial, fala-se numa prevalência entre 16-50 casos por 100 mil crianças e 300 mil crianças com Artrite Idiopática Juvenil nos Estados Unidos; em França, um estudo constatou que a prevalência é de 15,7/100.000 crianças.

O objectivo do tratamento consiste em atingir a remissão completa da doença, embora, em muitos casos, isto seja difícil de alcançar na sua totalidade. Nesses casos, os esforços devem ser dirigidos para controlar a inflamação a nível articular e sistémica, reduzir a dor; prevenir as deformidades e alcançar um crescimento e desenvolvimento normal.

Um estudo publicado na Rheumatology International mostrou que a suspensão do etanercept, numa proporção considerável de pacientes com Artrite Idiopática Juvenil, resultou numa exacerbação da doença inicial. Em muitos casos, foi necessário reintroduzir o etanercept. Os pacientes em que foi reiniciado o etanercept responderam com sucesso.

Foram analisados retrospectivamente os dados de 39 pacientes com Artrite Idiopática Juvenil de dois centros clínicos com serviços de reumatologia pediátrica em Bydgoszcz e Lublin (Polónia). Todos os pacientes suspenderam o etanercept por remissão no tratamento. O etanercept foi iniciado com uma média de 33,7 ± 36 (variação de 3 a 137) meses de doença.

A duração média do tratamento com etanercept foi de 34,7 ± 16,7 (variação de 6 a 72) meses, com uma duração média de remissão com a medicação de 21,3 ± 9,6 (intervalo de 4 a 42) meses, antes da interrupção do etanercept.

A duração média da remissão após a descontinuação do medicamento foi de 14,2 ± 12,1 (variação de 1 a 60) meses. Apenas 12 dos 39 pacientes (30,8%) não apresentaram  um agravamento da doença até o final do estudo.

As exacerbações foram observadas no início, ou seja, em menos de seis meses após a interrupção do etanercept, em 15 dos 39 pacientes (38,5%). Doze pacientes (30,8%) tiveram que iniciar o etanercept após o agravamento e todos responderam de forma satisfatória.

Referências:

* Postepski J et al, Clinical remission in juvenile idiopathic arthritis after termination of etanercept, Rheumatol Int. 2012 Jul 21.
* Ortiz de Solórzano M, Artritis idiopática juvenil. Estudio transversal de la casuística observada en el Hospital Universitario Miguel Servet de Zaragoza

* Consuegra Molina J, Artritis idiopática juvenil: tratamiento actual y perspectivas terapeuticas, Rev Esp Reumatol. 2003;30:338-47. - vol.30 núm. 06

Descoberta mostra que gordura desencadeia a artrite reumatóide abre caminho para novas terapias genéticas


Fonte: Science Daily
Os cientistas descobriram que as células de gordura no joelho secretam uma proteína relacionada com a artrite. Esta é uma descoberta que abre caminho a novas terapias genéticas que poderiam oferecer alívio e mobilidade a milhões de pessoas em todo o mundo.
"Descobrimos que a gordura nas articulações do joelho secretam uma proteína chamada Factor Pró-D, que dá origem a uma outra proteína conhecida como Factor D, relacionada a artrite" - Nirmal Banda, Ph.D., professor associado de medicina na Divisão de Reumatologia da University of Colorado School of Medicine. "Sem o Factor D, os ratos de laboratório não podem desenvolver a artrite reumatoide".
A artrite reumatóide é uma doença auto-imune, que destrói gradualmente os ossos, músculos, articulações, cartilagens e outros tecidos conjuntivos. Mais de 1% ou aproximadamente 1,3 milhões de americanos sofrem com isso.
Banda, o autor sénior do estudo publicado esta semana no Journal of Immunology, passou os últimos 14 anos a rastrear as causas da artrite reumatóide, em colaboração com os professores Michael Holers, MD e William Arend, MD da CU School of Medicine.
Agora, com a descoberta deste pró-factor de D em ratos de laboratório com artrite reumatóide, ele está a trabalhar nas terapias genéticas para eliminar a proteína, em áreas localizadas. No entanto, estes resultados ainda precisam de ser estendidos aos seres humanos.
"Nós estamos a voltar a atenção para as vacinas, medicamentos ou inibidores que interrompam a secreção local de Pro-factor D nos ratos", disse ele. "O nosso objectivo será interromper a doença antes que esta seja capaz de avançar e levar à destruição da articulação."
O Factor D faz parte do sistema de complemento, um conjunto complexo de mais de 40 proteínas que ajudam o corpo a combater as bactérias e outros patogénicos. Em estudos com ratos com artrite, Banda já tinha descoberto que a via do sistema complemento, envolvendo Factor D, fez os ratos susceptíveis à artrite inflamatória.
No seu estudo mais recente, ele descobriu que a remoção do Factor D, ao invés de todo o sistema do complemento, obtém o mesmo resultado, sem comprometer outras partes do sistema que pode combater a infecção.
"Nós sabemos que a gordura está normalmente presente em torno de todos os órgãos do corpo, mas o que nós não sabíamos até agora era que a gordura secreta esta proteína, que realmente desencadeia a artrite nas articulações."
Ele observou que a gordura faz a mesma coisa em todas as articulações e não apenas nos joelhos. Isto significa que novos medicamentos resultantes desta descoberta podem ser utilizados como tratamento para a artrite inflamatória em todo o corpo.
Embora seja teoricamente possível destruir todo o sistema do complemento em humanos para prevenir a artrite, ele pode eventualmente retornar juntamente com o risco renovado de contrair a doença. No entanto, os pacientes podem adquirir infecções e outras complicações, porque lhes falta esta parte crítica do sistema imunitário.
"O sistema complemento é, ao mesmo tempo, amigo e inimigo. Acreditamos que podemos fechar uma parte do sistema complemento que desencadeia a doença sem desligar o restante. Se assim for, estaremos a dar um grande passo em direcção ao tratamento e, talvez, a cura da artrite reumatóide".
Referências:

W. P. Arend, G. Mehta, A. H. Antonioli, M. Takahashi, K. Takahashi, G. L. Stahl, V. M. Holers, N. K. Banda. Roles of Adipocytes and Fibroblasts in Activation of the Alternative Pathway of Complement in Inflammatory Arthritis in Mice. The Journal of Immunology, 2013; DOI: 10.4049/jimmunol.1300580