quarta-feira, 1 de julho de 2009

Psoríase em Portugal

Primeiro estudo sociológico avalia impacto psicológico e emocional nos doentes

A psoríase é uma doença de pele relativamente frequente que afecta cerca de 250 mil pessoas e Portugal. No mundo, estima-se que entre um a três por cento da população (190 milhões de pessoas) sofra desta doença. A psoríase é crónica, hiperproliferativa da pele e de etiologia desconhecida, mostrando uma grande variedade na severidade e distribuição das lesões cutâneas.

De causa desconhecida, manifesta-se igualmente em homens e mulheres, principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos, apesar de poder surgir em qualquer fase da vida. Fenómenos emocionais são frequentemente relacionados com o seu surgimento ou o seu agravamento, provavelmente actuando como factores desencadeantes de uma predisposição genética para a doença. Cerca de 30 por cento das pessoas que têm psoríase apresentam história de antecedentes familiares.

Impacto na vida dos doentes

De aspecto inestético e consequentemente incómodo nas zonas expostas, a psoríase tem forte impacto psicológico e emocional nos doentes. Esta é uma das conclusões do primeiro estudo sociológico sobre a psoríase em Portugal, apresentado recentemente pela PSOPortugal - Associação Portuguesa da Psoríase. O estudo foi desenvolvido pela Datamédica, em parceria com a PSOPortugal, e avaliou o impacto desta doença crónica de pele na vida de 150 doentes de psoríase.

Mostrar as mãos em público, mudar de roupa perto de colegas de balneário ou andar de calções e t-shirt são algumas das situações evitadas pelos doentes com psoríase no local de trabalho. De acordo com o estudo, para 76 por cento dos inquiridos, a psoríase tem efeitos psicológicos na sua vida, sendo que para 38 por cento o impacto é muito grande a este nível.

As idas à praia e à piscina são as situações mais complicadas de exposição para os doentes, devido ao forte estigma que ainda existe em torno da doença. Também a nível familiar, a psoríase tem impacto na vida dos doentes. Para 28 por cento dos inquiridos, a sua sexualidade é afectada pela doença e para 19 por cento a relação com familiares é igualmente influenciada. No que toca ao absentismo laboral, a maioria dos doentes faltou até 20 dias por ano ao trabalho devido à psoríase.

De acordo com João Cunha, presidente da PSOPortugal, «este estudo vem consubstanciar a mensagem que a associação tem transmitido ao longo dos anos: a psoríase tem um forte impacto na qualidade de vida dos doentes, não só em termos físicos pelo seu aspecto e dor que provoca nos doentes, mas também na repercussão que tem a nível familiar, social, profissional, emocional e psicológica».

Diagnóstico e sintomas

O estudo agora apresentado refere ainda que na maioria dos casos (79%), a psoríase foi diagnosticada pelo dermatologista, tendo 19 por cento sido pelo médico de família. Entre os sintomas mais frequentes da doença, destacam-se a descamação (26,96%), a comichão (19,59%) e a vermelhidão (17,74%). Ainda cerca de 40 por cento dos inquiridos referem ter dor nas articulações provocada pela doença. Entre as doenças associadas à psoríase destacam-se a diabetes (28% dos inquiridos) e o colesterol elevado (26%).

A hipertensão arterial e a obesidade estão presentes igualmente presentes em 11 e 7 por cento dos inquiridos, respectivamente. A maioria dos inquiridos (56%) considera ter alguma informação sobre as opções mais recentes de tratamento. De destacar que apenas 2 por cento assinalam não ter informação sobre a doença. Entre as principais fontes de informação, o dermatologista e a Internet são indicados como os mais frequentes veículos de transmissão de informação.

João Cunha diz que «é fundamental alertar a opinião pública para esta doença que, apesar de ser crónica e ter uma influência enorme na vida dos doentes, não é reconhecida como tal pelo SNS. Há casos de doentes que, devido à falta de comparticipação dos medicamentos, não são tratados porque não têm possibilidades financeiras para o fazer».

Novo espaço acolhe doentes com psoríase

A PSOPortugal inaugurou recentemente a sua sede em Lisboa, um espaço cedido pela Câmara Municipal de Lisboa e que ajudará todos aqueles que procuram o apoio da associação e que pretendem promover a melhoria da sua qualidade de vida. «Com este novo espaço, a PSOPortugal poderá dar apoio aos seus associados, tendo um espaço dedicado a todos aqueles que procuram o apoio da associação e que pretendem promover a melhoria da sua qualidade de vida», refere João Cunha.

A Associação Portuguesa da Psoríase foi formalmente constituída em Fevereiro de 2005 e tem como principais objectivos promover e dinamizar campanhas para alertar, despertar e sensibilizar a sociedade para a discriminação social e profissional de que são alvo os doentes de psoríase, por outro lado luta também para que a psoríase seja reconhecida como doença crónica pelo SNS.

Fonte: PSOPortugal

SSD

10 de Abril de 2008

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