quarta-feira, 1 de julho de 2009

A psoríase não é contagiosa

No dia da acção de esclarecimento sobre a psoríase, falámos com João Cunha, Presidente da PSO Portugal.

A PSO Portugal, a associação portuguesa que defende os direitos dos doentes com psoríase, vai estar durante o dia de hoje, no Terreiro do Paço (Lisboa) para informar a população sobre a doença que afecta a pele e, por vezes, as articulações. A associação pede ainda que se assine uma petição para que a psoríase seja vista, pelo Estado, como uma doença crónica, tal como a ciência já a vê. O Presidente da PSO Portugal, João Cunha, fala-nos sobre a psoríase e as dificuldades que enfrentam as pessoas que sofrem desta doença que afecta, sobretudo a pele, mas que também pode afectar as articulações.

O que é a psoríase?
É uma doença multifactorial, de origem desconhecida e afecta, sobretudo, a pele e as articulações. Na maioria dos casos afecta apenas a pele, em muitos outros afecta a pele e as articulações e em poucos casos afecta apenas as articulações. Regra geral, a pele apresenta-se com manchas vermelhas, tipo escamas e em 40% dos casos trata-se de um problema genético, embora possa surgir em qualquer altura da vida – principalmente entre os 20 e os 30 anos – e pode ser uma consequência de um outro problema, como o stress e uma infecção nas vias respiratórias. Ao contrário do que se pensa habitualmente, não é uma doença contagiosa. A psoríase não tem cura, mas pode ser controlada.

Quantos portugueses têm a doença?
Estima-se que haja 250 mil pessoas. A doença pode afectar muitas pessoas e há quem nem saiba que a tem. Por vezes, as manchas começam a aparecer no couro cabeludo, por exemplo, e é confundida com seborreia. Pode também aparecer em zonas como joelhos, costas, pés, órgãos sexuais, cara, ou noutra zona qualquer.

Quais são as principais dificuldades que um doente enfrenta no seu dia-a-dia?
Há as dificuldades que advêm da terapêutica, como a falta de acesso aos medicamentos. A psoríase é crónica, apesar de não ser assumida como tal pelo Estado. Como não há esse reconhecimento nem existem as ajudas necessárias na comparticipação de medicamentos, nem todas as pessoas conseguem fazer o tratamento por problemas financeiros. Os medicamentos biológicos são essenciais no controlo da doença, mas são inacessíveis a muitas pessoas. Estamos a falar de mais de 1500 euros por mês ao longo de nove meses! O Estado gasta mais com as consequências de não comparticipar estes medicamentos – baixa produtividade, absentismo – .
Tudo isto agrava a saúde física, mas também a psicológica. Para piorar a situação, a maioria da população, por não estar informada, considera que se trata de uma doença contagiosa. E não é! A psoríase não é contagiosa. Os problemas psicológicos chegam ao ponto de as pessoas não irem à praia, usarem mangas compridas de Verão e usarem apenas calças.

Que mensagem gostaria de deixar às pessoas que sofrem de psoríase?
Não se esqueçam que a psoríase tem tratamento. Tenham atenção aos tratamentos que fazem. Peçam ajuda à PSO Portugal, porque há muitas pessoas a serem burladas com tratamentos falsos. É também importante falar sobre a doença e podem sempre ajudar sendo sócios da PSO Portugal que está a tentar ter uma linha telefónica de apoio. E, claro, assinem a
petição que nos permitirá levar ao Parlamento o pedido para que se reconheça a doença como crónica, tal como a ciência a vê. A quem não tem psoríase também deixo uma mensagem: a doença não é contagiosa. O que é contagioso é o preconceito.

http://saude.sapo.pt/artigos/?id=995273

Sem comentários: